O médico João Couto Neto, que atuava em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, foi preso sob a acusação de causar a morte de 42 pacientes e lesões em outros 114. As suspeitas contra o médico incluem a realização de cirurgias de hérnia, vesícula e refluxo, muitas das quais teriam sido feitas sem a autorização dos pacientes. Em um dos casos notórios, uma paciente que buscou tratamento para hérnia acabou sendo submetida a outro procedimento sem seu consentimento. Em outro caso, o médico não teria removido o útero de uma paciente com diagnóstico de endometriose, embora tivesse cobrado o plano de saúde pelo procedimento.
Além disso, uma técnica de enfermagem que trabalhava no mesmo hospital relatou que o número de cirurgias diárias realizadas por João Couto era surpreendentemente alto, chegando a 27 cirurgias em uma única manhã, o que levantava dúvidas sobre a viabilidade de realizar tantos procedimentos em tão pouco tempo.
Couto Neto foi indiciado por homicídio doloso em três inquéritos em novembro. Sua defesa considera a prisão preventiva como descabida e pretende entrar com habeas corpus para que ele responda em liberdade. A Polícia Civil realizou uma ação em dezembro do ano passado, com mandados de busca e apreensão no hospital onde ele trabalhava e em seu apartamento, apreendendo documentos, celulares e computadores.
Mesmo com as investigações em andamento, Couto Neto conseguiu registro no Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) em fevereiro deste ano. O Conselho justificou que, na época do pedido de registro, o médico não estava totalmente impedido de exercer a medicina, mas apenas com restrições parciais.
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